Olá
Apesar de acompanhar os blogs dos
amigos, desde a cirurgia não faço um post aqui. Por quê? Também não sei
explicar mas uma coisa posso dizer com certeza, a cirurgia não foi tão moleza
quanto eu pensei, dolorida sim, imprevistos na recuperação também, mas o fator
psicológico foi o pior... Confesso que me ver no espelho mesmo de camisola no
quarto do hospital foi muito ruim, o que vi, foi uma sombra não eu. Inchada,
abatida, pálida, sem um fiozinho sequer de sombrancelhas ou cílios e praticamente
careca com apenas alguns fios rareando na cabeça e de quebra com um buraco na
axila levando uma pochete que não era aquela que vinha com a Melissinha (que eu
amava).
Depois de dois dias onde até
respirar doía MUITO, fui para casa da minha mãe para me recuperar. O que eu não
contava era com o tal imprevisto... Tudo ia muito bem, cada dia eu sentia menos
dor, sete dias depois retirei o dreno, o que foi um alívio e me deu mais
motivação para continuar com as mentalizações positivas, postura otimista e
tal, afinal de contas eu estava viva, sem peito mas viva. Sempre me lembrando
da frase que meu médico sempre me dizia (você é mais que um peito), até que no
9º dia de recuperação, uma veia na região da mastectomia resolveu romper, e
formou um coágulo enorme no espaço em que costumava estar meu peito, levei um
susto tão grande porque pensei que a prótese tinha saído do lugar e fiquei em
desespero. Tudo que eu pensava era: EU NÃO QUERO OPERAR OUTRA VEZ! Fiquei tão
frustrada, chorei, briguei, desci do salto e mandei as mentalizações positivas
para a PQP e esbravejei com vontade!! Corre pro médico para fazer
ultrasonografia e ver o que está acontecendo, dos males o menor era coágulo a
prótese estava ok. Então a solução era puncionar. Uma, duas, três, quatro
vezes.... dói, é chato, e não saía quase nada, além de deformar mais ainda a
cicatriz. Resultado, depois de vinte dias, o coágulo ainda tava lá o corpo não estava
absorvendo o sangue porque estava muito espesso, a solução, abrir outra vez!
Voltar ao centro cirúrgico, abrir outra vez, mais 15 dias em recuperação... blá
blá blá...
Dessa vez, pelo menos não senti a
mesma dor, mas abrir o corte outra vez atrasou a radioterapia, todo o
tratamento deveria terminar junto com o ano de 2011, agora vou passar janeiro
em radioterapia.
Sabe, fiquei refletindo um bom
tempo a questão da minha reação a cirurgia e acho que tive dificuldades por ter
feito o caminho contrário. A maioria dos casos que tomei conhecimento aqui na
blogsfera era de pessoas que tinham descoberto o tumor e na semana seguinte já
estavam no centro cirúrgico e logo depois encarando uma quimioterapia. Comigo
foi o contrário. Encarei bem a QT mas a cirurgia nem tanto.
Quanto à cirurgia, ao poucos vou “digerindo”
minha nova aparência e limitações e assim a vida vai seguindo, agora mais otimista
e confiante.
bjs